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Channel: Blog do Rui Craveiro
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O Rallye

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Este é um dos aviões que eu mais adoro, por sinal aquele onde tenho mais horas de voo. Adoro-o como piloto. Já como operador... raios o partam, máquina que veio dos infernos para nos trazer dores de cabeça.

Tanto é um avião que me permite descolar em dias de vento cruzadíssimo e incrivelmente turbulento como no momento a seguir está com uma problema mesquinho e menor, mas que nos impede de continuar a operação. É um avião que tem um controlo espectacular no ambiente mais instavel, mas que depois nos deixa desconfortaveis pois não sobe com falta de performance numa pista mais complicada. É o único avião que conheço que por efeitos dos rotores e das correntes descendentes na sombra de montes que existam próximo dos aeródromos tem mais cedo problemas de performance por causa desse vento que problemas de controlo.

É um avião dedicado à actividade de reboque de planadores, ou seja, serve para puxar planadores para o ar e deixá-los na altitude confortavel para os pilotos dos mesmos. Como avião de reboque é demasiado lento a subir, mas os tempos de reboque são parecidos com os dos outros aviões, porque o Rallye é incrivelmente rápido a descer.

É um avião que em caso de paragem de motor tem um planeio péssimo, ou seja em vez de progredir muito em frente, desce muito rapidamente e num ângulo relativamente acentuado. E no entanto, acaba por ser um avião bestialmente seguro porque aterra praticamente parado se necessário em caso de emergência. É um avião com um trem de aterragem concebido para aterragens em pistas não preparadas, e no entanto é um avião que dá dores de cabeça na manutenção do trem numa operação normal.

É o único avião que conheço que piorou significativamente na ergonomia nas versões mais modernas em comparação com as mais antigas. Na versão que eu costumo voar, do Aero Club de Portugal, os bancos da frente são fixos e a torneira de combustível serve só para desligar e ligar. Tenho controlo de potência para a mão direita e para a esquerda e uso a que me dá jeito. Nas novas versões, a torneira de combustivel é uma selectora de tanque esquerdo, tanque direito ou cortado. Não permite alimentar o motor dos dois tanques simultaneamente, ao contrário das versões anteriores. Ou seja, implica mais trabalho para o piloto e mais uma potencial fonte de esquecimentos. Passou a ter um banco da frente oscilante, ou seja mais uma componente para ajustar e avariar, quando no modelo anterior tanto estava confortavel um piloto baixo ou alto no banco de posição fixa. Passou a ter apenas a manete de potência do lado direito, e longe do comando do compensador, ou seja, bem menos ergonómico.

É um avião que devido aos processos de fabrico usados no passado na Europa, tem propensão a criar corrosão na fuselagem. E no entanto, quando bem mantido é um avião incrivelmente sólido.

É possivelmente um mau avião para o dia a dia, mas em condições adversas este conjunto de enorme de contradições com aparência de avião tem a aerodinâmica mais segura que eu já alguma vez conheci.

"$##!"#3, maldito saco de pulgas!   Viva o Rallye!

 


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